Gramado, a Volta

Bom de mais pra ser verdade, alegria de pobre dura pouco..., clichês assim passam pela cabeça da gente quando alguma coisa dá errada. Ainda mais quando o contraste entre tempo bom e tempo ruim é dramático, vem de súbito. É o contratempo. E é justamente contratempo porque por ele não se espera. Se nos fosse possível prevenir, se atentássemos para as possibilidades de alguma coisa dar errado quando existem as devidas condições, Murfy não seria citado a cada cinco segundos em alguma parte do planeta por ter inventado a lei mais nojenta do mundo. Ontem foi a minha vez.
Desde o primeiro dia em Gramado, deu pra perceber que o ponto fraco da organização do festival era o transporte. Lembram do assunto no blog anterior? Não sou pessoa de insistir no erro, muito menos de reclamar quando convidada. Portanto, para cumprir a agenda apertada dos jurados, sem me aborrecer, apelei para o taxi. A partir daí, foi tudo muito bom, tudo muito bem... até o dia da volta, quando me dei conta das quase três horas de estrada que separam Gramado de Porto Alegre. Caí na real, e me prontifiquei a esperar o transporte oficial do festival no saguão do hotel, às duas horas em ponto, de mala e cuia. Só que na hora marcada fui avisada que deveria estar pronta, de mala e cuia, do outro lado da cidade, no centro de eventos do festival.
Agora, com mais distanciamento crítico, penso que tudo aconteceu por conta da confusão que fazem com a física. Na forma tradicional, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Na modalidade quântica, muito em moda ultimamente, o mesmo corpo pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Para encurtar a história, eu e outros companheiros de juri fomos de van até o novo-lugar-combinado. Chegando lá, acompanhamos o embarque das malas no ônibus que nos levaria ao aeroporto. Mas, quando entramos no ônibus, não tinha lugar para todos. Fomos, então, levados para outro ônibus que acabou passando por todos os hotéis, recolhendo outros convidados, como não fora combinado antes. Resultado: quando chegamos a Porto Alegre nossas malas haviam sido jogadas na calçada e ficaram ali expostas por um tempão, sem nenhum tipo de controle ou segurança. Foi nessa que eu dancei. Levaram minha sacola luis vuiton de estimação, comigo há mais de vinte anos, curtida, gostosa, molinha e, quer saber mais?, com todos os meus apetrechos de beleza dentro. Para você ter uma idéia do prejuizo, hoje em dia, a cada banho, a mulher minimamente vaidosa gasta mais de vinte e cinco reais em cremes. Há um produto especial obrigatório para os pés, um muito especial pros joelhos, outro mais extraordinário para o corpo, um exclusivíssimo para o colo, e aquele para o pescoço que de tão caro deve ter sido feito com diamante moído.
Agora, faça as contas, caro leitor. Eu fiz, e aí me lembrei da Angélica, aquela que vai de taxi, aquela que sabe das coisas!

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