De Noites e Pijamas ...

Desculpem-me caros leitores. Sei que prometi escrever ontem sobre a noite em Gramado mas o dia dos jurados foi de agenda repleta de obrigações. Juntaram votação da competição de curtas com debates, palestras e exibição de filmes da mostra oficial e o tempo era curto para cumpri-la. Ainda por cima tivemos um imprevisto. É que o carro programado para ir ao hotel nos buscar chegou atrasadíssimo por conta de um fato extravagante. O motorista pediu desculpas pela demora e ele mesmo tomou a iniciativa de justificar a falta comentando que "todos os convidados do Festival pensam que são vips, e isso é que dá problema". Imaginem que uma comediante do Zorra Total segurou a viatura oficial do evento por mais de uma hora procurando um pijama pra comprar. Seria até rápida a compra, pois há muitas lojas no centro preparadas para atender a demandas desse tipo. Só que a artista em questão pesa quase uns cem quilos, e o resto você pode imaginar ...

Mas assunto mais bacana é a noite em Gramado. São quatro ou cinco lugares bons pra dançar, com amplo espaço, boa música, serviço eficiente e apinhados, atenção!, eu disse apinhados de garotas bonitas, todas vestidas pra balada; jeans bem apertado, cós baixo, salpicados de brilhos e botas altas pra fora da calça. Sexy até não poder mais. As blusas são sempre decotadas, apesar do frio intenso que tem feito, e os cabelos muito lisos e compridos. Tem mais loiras que morenas e parecem todas ter menos de trinta anos. Os rapazes também são bacanas. São altos, fortes, bem vestidos e têm cara de cheirosos. Não vi, até agora, nenhuma baixaria nesses lugares. Todo mundo se comporta no salão. Aliás, pelo menos até as duas da manhã é mais azaração do que pegação. Depois não sei. Só sei que ali os globais passam batidos... Quem liga pra artista de novela quando há mais de vinte sosias da Gisele Bünchen no salão?

Isso nas boates porque na Rua Coberta a coisa é diferente. Ela fica em frente ao Palácio dos Festivais que, na verdade é um cinemão, com entrada imponente e desenho de estrela em mármore no chão. Da frente do Palácio sai o tapete vermelho que corre toda a Rua Coberta por estrutura de ferro com vidro . Trepadeiras enfeitam as laterais, cercadas por gradeado de um metro e meio de altura. De cada lado da passarela central, são dispostas mesas nas calçadas em frente aos cafés, bares e restaurantes. As mesas de pista são reservadas com antecedência para as famílias e grupos de turistas que vão em peso prestigiar o "gargarejo" do Festival. A primeira sessão começa às 19 horas. Fui com um colega de juri tomar um café num desses bares mais ou menos nesse horário. A espectativa era grande, todos bebendo e comendo com os olhos pregados no tapete vermelho. Pouco antes das nove horas, voltei ao mesmo lugar para ver a quantas andava o movimento. Ainda havia muita gente nos bares, mas nem todos estavam interessados no desfile de celebridades. Agora a maioria das pessoas se divertia conversando entre si. Começara a festa de verdade. Vi um grupo de senhoras idosas numa mesa redonda com um balde de champanhe no centro. Uma das vovós, em pé, servia as taças levantadas nas mãos das amigas com adolescente animação. Elas riam alto e exibiam uma alegria tão contagiante que se não fosse pelo compromisso assumido, talvez eu não voltasse para a próxima sessão.

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