É Carnaval...

Ontem, sexta-feira, fui ao baile à fantasia do Estrela da Lapa com um ex-namorado. Ele me convidou para ser seu par e juntos acompanharmos um casal de ingleses que veio ao Rio para o carnaval. O inglês é fotógrafo de cinema e trabalhou com meu ex, ano passado, num filme comercial. A mulher é a namorada dele.
Como o baile era na lapa, numa das casas noturnas mais bonitas que eu já vi, aceitei o convite sem nem me preocupar em esclarecer em que condições iríamos, eu e meu ex, formar um par. É que a Lapa tem apelos difíceis de recusar; uma luz mágica, toda aquela gente na rua, gente de todo o tipo, inclusive gente triste que sempre gosto de olhar. Também queria conhecer a Lapa em ritmo de carnaval, os turistas excitados, os travestis cobertos de purpurina, com o mínimo coberto de paetês, as mulheres enfeitadas, inflamadas de más intenções, e os homens de sorriso largo...
Uma festa já na calçada! Entramos relutantes, mas o baile podia estar bom e não queríamos perder um minuto de diversão. Lá dentro estava bacana, do teto chovia confete e serpentina e O Galo Cantou atacava o terceiro set de sambas tradicionais e marchinhas de carnaval. Fomos levados para uma ótima mesa, nem tão perto do salão que não nos permitisse um breve aquecimento antes de cair na folia, nem tão longe que perigasse desanimar. A cerveja correu farta, bem gelada, e a caipirinha foi nota 10.
O casal de ingleses chegou enamorado e com o tempo, a cerveja, a música, a alegria, foi ficando cada vez mais apaixonado e lá pelas tantas eram duas almas num canudo só. Meu ex me olhava insinuante com seus olhos claros de cristal, mas eu só via refletido neles o meu triste desencanto. E quando ele chegou mais perto tentando me beijar, dei uma pirueta na cadeira e tirei-o pra dançar. Ele entendeu e, elegante, me seguiu pelo salão; então pulamos carnaval sem flerte e sem malícia, como só fazem os irmãos.
Voltamos pra casa alta madrugada, a Lapa já embriagada com os odores e as dores de fim de noite. Num ritmo assim dolente nosso carro cruzou os Arcos, o rádio sintonizado numa FM qualquer. “How could you mend a broken heart...” cantei distraída, acompanhando os românticos Bee Gees. O inglês, que estava com a namorada no banco de trás, percebeu um fio de melancolia em minha voz, e com a fleugma que lhes é particular, mandou essa na seqüência: “Darling, if you have a broken heart, break it again!”
Achei uma boa dica pra começar o carnaval. Boa sorte pra vocês!

2 comentários:

Unknown disse...

GREAT leila ,
pra depois do carnaval......
bjs
shlomo

Edson Ricardo disse...

If you want to break your heart, find me. Many kisses for you.