...é melhor ser alegre que ser triste

Um feriadão com muita chuva, como o que passou, até que é bom, de vez em quando, pra gente colocar em dia alguma coisa pendente como uma leitura determinada, um texto devido, a organização de gavetas, enfim, qualquer tarefa corriqueiramente menosprezada, basta fazer tempo bom. E no Rio de Janeiro, faz sol quase que o ano inteiro. Então, por mais disciplinada que seja a pessoa, convenhamos, esta cidade é um convite à gazeta, no mínimo à dispersão.
Lembrei-me, à propósito (pois foi justamente o dolce fa niente do final de semana que me levou a revê-lo), do documentário Vinícius, de Miguel Faria Jr., onde ouvi que o João Cabral de Melo Neto costumava dizer que um escritor com a sua disciplina e o talento de Vinicius de Morais seria, sem dúvida, o maior poeta do século. Se Vinícius não levou esse título, outro ninguém pode lhe negar: o poetinha ( sem menosprezo, por favor) foi, sem dúvida, o mais carioca dos cariocas de todos os tempos. Pois, que outros versos traduzem mais precisamente o estado de espírito do povo desta cidade do que “é melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe”
Eu sei que muitos vão discordar, com argumentos procedentes até certo ponto: “... o Rio não é mais o mesmo do tempo do Vinícius de Morais”, “...o carioca vive num bode só ”, “...a violência acabou com o Rio boêmio” e etc. Eu continuo achando que o carioca antes de mais nada quer se divertir, aposta quase todas as fichas no prazer imediato, é um otimista por índole, um cordial por mentalidade e um azarador por cacoete. Mas pra você que, antes de tudo é meu leitor, e que também é saudosista como os nortistas, melancólico como os paranaenses e nostálgico como os paulistas, vai aí um brinde dos tempos áureos da verdadeira Cidade Maravilhosa, e aquele abraço!
(http://www.oglobo.com.br/blogs/largman/post.asp?cod_post=79049)

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