O NOVO DARLING DO CINEMA nacional é o jovem Felipe Sholl, o primeiro brasileiro a ganhar um Teddy, o prêmio de melhor curta-metragem da mostra gay do Fertival de Berlim. Felipe é carioca, tem 25 anos, e nunca havia segurado uma câmera até ser incentivado pelos diretores Karim Aïnouz, de Madame Satã e Jonathan Nossiter, de “Mondovino” a dirigir seu curta, como condição para ter um longa-metragem produzido pela dupla. Com esse apadrinhamento, a carreira do rapaz está garantida e, junto com o prêmio internacional, aumentam as possibilidades de captar recursos para suas próximas produções.

Ótimo para o Felipe, ex-aluno da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, e ótimo para mim e meus colegas da mesma escola, pelo prestígio que o prêmio nos estende. Mas não sei se isso é bom para o movimento gay, que numa outra ponta, menos glamourosa, luta contra a discriminação dos homossexuais e, portando, contra qualquer tentativa de colocá-los em guetos culturais, segmentos sexistas, isolamentos homofóbicos e etc. Também não sei se é justo que um prêmio em mostra segmentada seja tão festejado, enquanto outros cineastas, talvez melhores, não tenham as mesmas oportunidades por disputarem num universo infinitamente maior de concorrentes.

Pensei sobre tudo isso quando fui assistir ao filme, exibido na festa de abertura do ano letivo da Darcy e apresentado pelo próprio Felipe como uma história “sórdida e fofa”... E “Tá” é isso mesmo. O filme conta em 5 minutos o encontro de dois jovens, em torno de 25 anos, em um banheiro masculino. Eles cheiram cocaína e trocam carícias ousadas com o maior despudor – daí o “sórdido” –, e chegam à conclusão que tudo pode ser bem mais gostoso se começar ou terminar com um beijo na boca – daí o “fofo”.

Continuo com as mesmas questões colocadas acima, no entanto, tenho que tirar o chapéu para a naturalidade com que Felipe conta sua história, com diálogos enxutos, atuações exatas, e linguagem cinematográfica definida, marcada por forte identidade artística. Portanto, palmas para Felipe e atenção para que, no futuro, seus trabalhos dispensem as mostras segmentadas e, nessa hora, tratem seus personagens com a dignidade que eles mereceram quando foram construídos. Não importa que sejam mulheres, ou gays, ou homens, ou lésbicas, ou negros, ou brancos, ou jovens, ou velhos. Importa, sim, que sejam apresentados simplesmente como gente.

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4 comentários:

Anônimo disse...

Hello. This post is likeable, and your blog is very interesting, congratulations :-). I will add in my blogroll =). If possible gives a last there on my blog, it is about the MP3 e MP4, I hope you enjoy. The address is http://mp3-mp4-brasil.blogspot.com. A hug.

Leila Richers disse...

wellcome mp3 e mp4. vou visitar o seu blog em breve. obrigada pelo convite e pelo comentário, leila

joao disse...

Esse mp3 e mp4 só pode ser brincadeira...!!!! A reposta é em inglês e seu comentário começa em inglês e depois, mais complexo, em português, que grande palhaçada.Liberdade de expressão,portanto vc não deve bloquear o que não lhe agrada....senão soa falso de mais.
Fui

PRISCILLA REIS disse...

Leila, compartilho contigo o mesmo pensamento!
Parabéns pelo blog!
Priscilla Reis