Tom Zé

Grande figura o Tom Zé! Eu meio que sabia, por causa das matérias que lia sobre ele. Mesmo nunca tendo visto um show ou apresentação de Tom Zé, mantenho uma certa simpatia por ele, até mesmo pelo tipo de artista que ele representa ser. Desses que, não importa o mau tempo, mantêm-se autênticos a cada expressão, artística e pessoal. Por isso, na primeira oportunidade, fui conhecer um pouco mais sobre ele no filme Fabricando Tom Zé, de Décio Mato Jr..
Se eu meio que sabia, agora sei mais, porém não o bastante. O filme acompanha a turnê de Tom Zé pela Europa em 2005 para falar sobre a carreira, a vida e a obra do baiano radicado em São Paulo desde os anos 60. Captado em vídeo digital e película super 8mm, o documentário é correto no tratamento cinematográfico e no propósito de documentar sem, no entanto, registrar alguma relevância de expressão. E isso contrasta com a importância que se quer dar ao artista. São cantores e compositores, críticos e músicos depondo sobre a genialidade musical de Tom Zé. Só que de música mesmo, mostrada do jeito que faz a gente se aficionar pelo som do cara, nada.
Mas a personalidade do Tom Zé está ali e é admirável. Ele foi tropicalista, convidado por Caetano e Gil, fez sucesso, foi deixado de lado por Caetano e Gil, ficou no ostracismo por longos anos e foi resgatado de lá por David Byrne, que o descobriu em uma loja de discos do Rio. Tom Zé passou por tudo isso sem mexer um acorde no som que se propunha fazer. Ao contrário, ele foi fundo, no âmago da questão, como no caso do CD Estudando o Samba, trabalho afinal garimpado pelo produtor Byrne.
O documentário mostra ainda um baita desentendimento de Tom Zé com a equipe de som de Montreux que o tratou com descaso, revela assim que Tom Zé é na Suíça o mesmo que nasceu em Irará. E também assistimos à vaia que o artista levou em uma apresentação na França. Sem censura, está tudo lá. Tom Zé diz que ficaria muito chato um documentário sobre um artista falando apenas bem dele. Não é pouco desapego nesses tempos de soberba, quando o presidente da república fica transtornado com uma vaia a ponto de abandonar a cena. Enquanto Lula demonstra, mais uma vez, a maior dificuldade em lidar com a crítica, o outro lhe reconhece função. Grande figura o Tom Zé!

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